Sônia - Port-Elet-PV

Bem-vindos!!!!

Nesta página o professora Sônia de Eletivas, Projeto de Vida e Português orientará seus alunos.

Bons estudos.

 

 

ELETIVAS – PROFESSORA SÔNIA – 6º A - 8º A – 2B

 Projeto: Desfrute da Cultura de outros Países.

 Atividade proposta: Elaboração de um diário de bordo anotando cada semana do mês de maio; as pesquisas referente ao país escolhido por cada aluno.

Deverão pesquisar sobre;. A cultura e tradições do país: dança, gastronomia ,vestimentas ,música etc;. A bandeira do país: origem ,cores, significado, história etc;.  Confeccionar a bandeira (colorindo, decorando).

 

Avaliação/Sistematização: •Participação nas aulas do CMSP.

  • confecção do diário de bordo contendo as pesquisas sobre o país escolhido, e quando as aulas presenciais forem retomadas os alunos entregaram a professora. *As atividades de pesquisa correspondem as aulas do mês de maio

 POSTADO EM 11/05/2020


 

PROJETO DE VIDA – PROFESSORA SÔNIA – 2C

 Apostila SP Faz Escola-Caderno do Aluno.

2º Ensino Médio- 1° Bimestre

 

Situação de Aprendizagem

O Projeto de Vida de Cada Um .

 

Os alunos deverão fazer as atividades das páginas: 133 a 145.Fazer no caderno do aluno ou no caderno.

 

Avaliação/Sistematização:

 

  • Participação nas aulas do CMSP.
  • As atividades serão avaliadas quando forem retomadas as aulas presenciais.

 *As atividades no caderno do aluno correspondem as aulas do mês de maio.

POSTADO EM 11/05/2020


 

PROJETO DE VIDA – PROFESSORA SÔNIA – 3A

 Apostila SP Faz Escola-Caderno do Aluno.

3° Ensino Médio- 1° Bimestre

 

Situação de Aprendizagem

Seja Bem-Vindo: Você Chegou Até Aqui!

 

Os alunos deverão fazer as atividades das páginas: 134 a 150. Fazer no caderno do aluno ou no caderno.

 

Avaliação/Sistematização:

 

  • Participação nas aulas do CMSP.
  • As atividades serão avaliadas quando forem retomadas as aulas presenciais.

 *As atividades correspondem as aulas referente ao mês de maio

POSTADO EM 11/05/2020


  

PORTUGUÊS – PROFESSORA SONIA – 2C

 A 2a série desenvolverá atividades com foco em:

  • diferentes gêneros textuais;
  • estratégias de leitura para análise dos sentidos do texto, a partir de marcas

textuais;

  • crítica a valores sociais;
  • procedimentos de convencimento;
  • elaboração de projeto para produção de texto (questão polêmica e tese).

 

 

DISCUSSÃO ORAL

O trecho do texto que você vai ler foi extraído da obra O Noviço, escrito no século

XIX, por Martins Pena. Trata-se de um texto dramático (comédia de costumes).

  1. Você sabe o que é um noviço?
  2. O que você espera encontrar em um texto com esse título?
  3. Você já leu o texto de uma peça teatral? Como ele se caracteriza?
  4. Considerando que se trata de uma comédia de costumes, que tema pode ser

abordado nesse texto?

  1. Você conhece algo a respeito do autor? Caso não conheça, leia as informações

abaixo do texto.

 

Agora, leia o texto em voz alta, conforme orientação do professor.

 

TEXTO 1: O NOVIÇO

Martins Pena

 

CENA I

AMBRÓSIO, só, de calça preta e chambre — No mundo a fortuna é para quem

sabe adquiri-la. Pintam-na cega... Que simplicidade! Cego é aquele que não tem

inteligência para vê-la e a alcançar. Todo o homem pode ser rico, se atinar com o

verdadeiro caminho da fortuna. Vontade forte, perseverança e pertinácia são poderosos

auxiliares. Qual o homem que, resolvido a empregar todos os meios, não consegue

enriquecer-se? Em mim se vê o exemplo. Há oito anos, era eu pobre e miserável, e hoje

sou rico, e mais ainda serei. O como não importa; no bom resultado está o mérito...

Mas um dia pode tudo mudar. Oh, que temo eu? Se em algum tempo tiver de responder

pelos meus atos, o ouro justificar-me-á e serei limpo de culpa. As leis criminais fizeram-

se para os pobres...

 

CENA II

Entra Florência, vestida de preto, como quem vai à festa.

FLORÊNCIA, entrando — Ainda despido, Sr. Ambrósio?

AMBRÓSIO — É cedo. (Vendo o relógio:) São nove horas, e o ofício de Ramos

principia às dez e meia.

FLORÊNCIA — É preciso ir mais cedo para tomarmos lugar.

AMBRÓSIO — Para tudo há tempo. Ora dize-me, minha bela Florência...

FLORÊNCIA — O que, meu Ambrosinho?

AMBRÓSIO — O que pensa tua filha do nosso projeto?

FLORÊNCIA — O que pensa não sei eu, nem disso se me dá; quero eu — e

basta. E é seu dever obedecer.

AMBRÓSIO — Assim é; estimo que tenhas caráter enérgico.

FLORÊNCIA — Energia tenho eu.

AMBRÓSIO — E atrativos, feiticeira...

FLORÊNCIA — Ai, amorzinho! (À parte:) Que marido!

AMBRÓSIO — Escuta-me, Florência, e dá-me atenção. Crê que ponho todo o

meu pensamento em fazer-te feliz...

FLORÊNCIA — Toda eu sou atenção.

AMBRÓSIO — Dois filhos te ficaram do teu primeiro matrimônio. Teu

marido foi um digno homem e de muito juízo; deixou-te herdeira de

avultado cabedal. Grande mérito é esse...

FLORÊNCIA — Pobre homem!

AMBRÓSIO — Quando eu te vi pela primeira vez, não sabia que eras viúva rica.

(À parte:) Se o sabia! (Alto:) Amei-te por simpatia.

FLORÊNCIA — Sei disso, vidinha.

AMBRÓSIO — E não foi o interesse que obrigou-me a casar contigo.

FLORÊNCIA — Foi o amor que nos uniu.

AMBRÓSIO — Foi, foi, mas agora que me acho casado contigo, é de meu dever

zelar essa fortuna que sempre desprezei.

FLORÊNCIA - (À parte) — Que marido!

AMBRÓSIO - (À parte) — Que tola! (Alto:) Até o presente tens gozado dessa

fortuna em plena liberdade e a teu bel-prazer; mas daqui em diante, talvez assim

não seja.

FLORÊNCIA — E por quê?

AMBRÓSIO — Tua filha está moça e em estado de casar-se. Casar-se-á, e terás

um genro que exigirá a legítima de sua mulher, e desse dia principiarão as

amofinações para ti, e intermináveis demandas. Bem sabes que ainda não fizestes

inventário.

FLORÊNCIA — Não tenho tido tempo, e custa-me tanto aturar procuradores!

AMBRÓSIO — Teu filho também vai a crescer todos os dias e será preciso por

fim dar-lhe a sua legítima... Novas demandas.

FLORÊNCIA — Não, não quero demandas.

AMBRÓSIO — É o que eu também digo; mas como preveni-las?

FLORÊNCIA — Faze o que entenderes, meu amorzinho.

AMBRÓSIO — Eu já te disse há mais de três meses o que era preciso fazermos

para atalhar esse mal. Amas a tua filha, o que é muito natural, mas amas ainda

mais a ti mesma...

FLORÊNCIA — O que também é muito natural...

AMBRÓSIO — Que dúvida! E eu julgo que podes conciliar esses dois pontos,

fazendo Emília professar em um convento. Sim, que seja freira. Não terás nesse

caso de dar legítima alguma, apenas um insignificante dote — e farás ação

meritória.

FLORÊNCIA — Coitadinha! Sempre tenho pena dela; o convento é tão triste!

AMBRÓSIO — É essa compaixão mal-entendida! O que é este mundo? Um

pélago de enganos e traições, um escolho em que naufragam a felicidade e as

doces ilusões da vida. E o que é o convento? Porto de salvação e ventura, asilo

da virtude, único abrigo da inocência e verdadeira felicidade... E deve uma mãe

carinhosa hesitar na escolha entre o mundo e o convento?

FLORÊNCIA — Não, por certo...

AMBRÓSIO — A mocidade é inexperiente, não sabe o que lhe convém. Tua

filha lamentar-se-á, chorará desesperada, não importa; obriga-a e dai tempo ao

tempo. Depois que estiver no convento e acalmar-se esse primeiro fogo,

abençoará o teu nome e, junto ao altar, no êxtase de sua tranquilidade e

verdadeira felicidade, rogará a Deus por ti. (À parte:) E a legítima ficará em

casa...

FLORÊNCIA — Tens razão, meu Ambrosinho, ela será freira.

AMBRÓSIO — A respeito de teu filho direi o mesmo. Tem ele nove anos e será

prudente criarmo-lo desde já para frade.

FLORÊNCIA — Já ontem comprei-lhe o hábito com que andará vestido daqui

em diante.

AMBRÓSIO — Assim não estranhará quando chegar à idade de entrar no

convento; será frade feliz.

(À parte:) E a legítima também ficará em casa...

FLORĘNCIA — Que sacrifícios não farei eu para ventura de meus filhos! [...]

 

PENA, Martins. O Noviço. Disponível

em:<http://www.dominiopublico.gov.br/download/texto/bn000032.pdf>. Acesso em: 01 nov. 2019.

 

Sobre o autor

 Martins Pena foi um teatrólogo do Romantismo brasileiro, que

satirizou a sociedade da época, seus costumes e suas relações sociais,

através do gênero comédia de costumes, do qual foi pioneiro e

principal representante. O gênero aborda, de maneira cômica e

sarcástica, o comportamento humano e seus tipos característicos,

demonstrando com frequência as atitudes inadequadas quanto às

normas de conduta da sociedade, amores ilícitos e atitudes amorais.

A linguagem é, geralmente, simples, aproximando-se do cotidiano,

com diálogos dinâmicos, cheios de ironia e humor.

 

 

Responda em seu caderno as questões a seguir:

 

1) O texto foi publicado no século XIX, no qual havia o uso de palavras que

não são mais comuns na sociedade contemporânea. Quais marcas textuais

nos remetem aos termos e/ou à linguagem característica daquela época?

 

2) O texto dramático difere dos demais textos em prosa, pois possui

características próprias. Identifique no trecho estudado, os elementos que

o definem como texto dramático.

 

3) Considerando a organização do texto teatral, releia a cena I e comente sua

finalidade e importância para o entendimento da seguinte.

 

4) Na cena I, há indícios que antecipam o caráter de Ambrósio, quanto à

ganância pelo dinheiro. Em qual frase é evidenciado seu caráter,

considerando os valores éticos e morais da sociedade?

(A) Cego é aquele que não tem inteligência para vê-la e a alcançar.

(B) Todo o homem pode ser rico, se atinar com o verdadeiro caminho

da fortuna.

(C) Há oito anos, era eu pobre e miserável, e hoje sou rico, e mais ainda

serei.

(D) O como não importa; no bom resultado está o mérito...

(E) Mas um dia pode tudo mudar. Oh, que temo eu?

 

5) Na cena I, destaca-se a ideia de impunidade que se mantém até os dias

atuais, quando o cidadão não corresponde aos valores sociais e éticos

esperados.

  1. a) Localize frases que demonstram essa ideia.

 

6) Nas cenas I e II da obra O Noviço, percebe-se a ausência de valores sociais,

éticos e morais. Identifique quais são esses valores e, a partir deles, que

críticas são demonstradas.

 

7) Identifique no texto da cena II, passagens que evidenciem o processo de convencimento e manipulação exercido sobre a personagem Florência.

 

APROFUNDANDO SEUS CONHECIMENTOS

 

Sistematização – pesquisa

Com a orientação do professor, realize, em grupo uma pesquisa sobre Martins

Pena e o contexto histórico-social em que a obra está inserida: como eram os

costumes, o que estava acontecendo na sociedade da época, a importância e

influência de tais acontecimentos na produção literária.

Selecione e registre a seguir as informações mais relevantes, as quais poderão ser

apresentadas em um Seminário 3.

 

ATIVIDADE 2

 

PRODUÇÃO TEXTUAL

Relembrando:

Tese – É o ponto de vista, a opinião, o posicionamento crítico que o autor deve

sustentar na elaboração de seu texto.

 

Recordando

Neste momento, iniciaremos o estudo do gênero artigo de opinião. Para

produção de textos deste gênero, é preciso partir de uma questão polêmica,

originária de um determinado tema ou fato, que favoreça a tomada de posição

do autor e revele sua postura a favor ou contra o assunto discutido. Ela é o

ponto de partida para a escrita do artigo de opinião que, geralmente, surge de

um assunto de relevância social. Outro elemento importante para a constituição

de um artigo de opinião é a tese. Ela expressa a opinião do autor e, em alguns

casos, já aparece na introdução, com o objetivo de explicitar, logo no início, seu

Posicionamento.

 

PLANEJANDO O TEXTO

Diariamente, são veiculadas notícias, em diferentes suportes, que relatam fatos

envolvendo pessoas, das mais variadas esferas, com atitudes consideradas

amorais pela sociedade. O texto O Noviço, de Martins Pena, produzido no

século XIX, aborda vários temas polêmicos presentes em nossa sociedade atual,

os quais favorecem discussões. Assim, retome o trecho estudado para ajudá-lo

na produção inicial de seu texto. Imagine que você escreve para um blog cujo

foco é apresentar textos noticiosos e de opinião para que os usuários deixem

seus comentários. Você deverá redigir uma tese que será selecionada para

compor um futuro artigo de opinião que circulará nesse blog.

 

Considere as etapas abaixo:

Etapa 1 – Identifique, coletivamente, nas cenas I e II de O Noviço, temas

relevantes que possam provocar boas discussões para a elaboração de questões

polêmicas.

Etapa 2 – A partir dos temas elencados acima, escolham um deles e elaborem

uma questão polêmica.

Etapa 3 – Certifique-se de que a questão polêmica que vocês elaboraram permite

assumir posição favorável ou contrária frente ao tema e, a partir dela, desenvolva

individualmente uma tese.

 

ATIVIDADE 3

Se considerarmos a infinidade de objetivos que levam as pessoas a se

comunicarem, vamos perceber que uma variedade de gêneros textuais tem

finalidades diferentes. Assim, como foi visto, no século XIX, por meio da comédia

de costumes, o escritor encontrou uma forma de fazer críticas à sociedade,

escancarando comportamentos com desvios morais, em nome da ambição.

Atualmente, muitos gêneros textuais circulam socialmente, cumprindo essa tarefa

de fazer críticas, mostrar humor e a ironia, satirizar, expondo ao ridículo valores,

ideias e acontecimentos como charge, quadrinhos, memes e até mesmo o anúncio

Publicitário.

 

RODA DE CONVERSA

É importante observar os pontos de vista a respeito do que o anúncio publicitário vai

propor. O que você conhece sobre anúncios publicitários que utilizam a criatividade

para cativar seu público-alvo? A criatividade é essencial para a produção de textos na

esfera publicitária, com a finalidade de persuadir e/ou convencer o leitor buscando a

adesão a uma ideia ou a compra de um determinado produto.

 

Vocês conhecem anúncios publicitários? Onde costumam ser publicados?

 Qual sua finalidade?

 De quais recursos os publicitários costumam lançar mão para produzir uma

campanha?

 Há anúncios que não objetivam a divulgação de um produto ou marca. Quais

outras finalidades tem o texto publicitário?

 

O anúncio publicitário é um gênero textual cuja

finalidade é promover um produto ou uma ideia; é

veiculado por diferentes meios de comunicação – a

mídia impressa, jornalística, radiofônica e virtual.

Uma das características desse gênero é o

é convencimento do consumidor para a compra de

determinados produtos, serviços ou ideias. Assim, são

utilizadas variadas ferramentas discursivas – recursos

expressivos - como o uso de imagens, de linguagem

simples, de humor e ironia, verbos no imperativo, os

quais funcionam como aspectos persuasivos.

 

Disponível em: <https://pixabay.com/pt/images/search/propaganda/>. Acesso em: 15 jan.

 

Você deve ter observado que alguns anúncios publicitários utilizam a

criatividade com escolhas lexicais, textos verbais e não verbais visando a disseminação

de ideias com o objetivo de influenciar a opinião pública, motivando mudança de

comportamento, como no texto apresentado a seguir.

 

Imagem:

Os carregadores de celulares funcionam como algemas nos pulsos das pessoas que estão com os celulares nas mãos.

 

  1. a) Observe atentamente o texto não verbal. O que você vê nessa imagem?
  2. b) Qual o efeito de sentido expresso pelos pulsos atados ao celular?
  3. c) O verbo deletar é amplamente utilizado na esfera virtual. No anúncio

publicitário, ele foi empregado com o mesmo sentido?

  1. d) Qual ideia deveria ser deletada de acordo com o contexto do anúncio?
  2. e) A que se refere a frase “Busque outras conexões”?
  3. f) Qual o efeito de sentido do emprego do emoji em substituição à vogal “o”?
  4. g) Você pensa que o uso exagerado dos aparelhos tecnológicos influencia nas

relações interpessoais? Como deveriam ser usados?

  1. h) A dependência do uso do celular e outras tecnologias pode provocar uma doença

chamada Nomofobia. Você conhece essa síndrome? Sabe o que ela pode

provocar? Faça uma breve pesquisa a respeito.

 

Atividade 4

Sobre a obra

 

O romance urbano ou de costumes, “Memórias de um sargento de milícias”4,

de Manuel Antônio de Almeida, foi escrito durante a primeira geração romântica

brasileira, porém, não possui as características dessa época, na qual

predominavam romances sob a ótica nacionalista, retratando heróis belos,

corajosos, cheios de princípios. Inicialmente, a obra foi publicada em forma de

folhetins semanais, no Correio Mercantil do Rio de Janeiro, e trouxe, pela primeira

vez, a representação do malandro na literatura nacional. Esse romance apresenta

personagens típicas da sociedade carioca do século XIX, revela a pobreza e a

corrupção, faz uso de linguagem coloquial, traz a presença de anti-herói, com

muitas cenas de humor e ausência de valores morais e sociais.

 

DISCUSSÃO ORAL

O trecho que você vai ler a seguir foi retirado da obra Memórias de um sargento de

milícias, de Manuel Antônio de Almeida.

  1. Você sabe o significado da palavra “milícia”? Caso não conheça, levante

hipóteses a partir do próprio título.

  1. Você conhece algum romance urbano ou de costumes? Sobre o que eles

costumam tratar?

  1. Considerando as informações apresentadas no box acima, o que espera encontrar

neste trecho da obra?

 

Agora, faça uma leitura silenciosa, grifando as palavras que lhe são

desconhecidas. Tente inferir seus significados pelo contexto, porém, caso

não consiga, recorra ao dicionário para apreender suas definições e

selecione a acepção que seja mais adequada.

 

CAPÍTULO XIII - MUDANÇA DE VIDA

(...)

Pelo hábito de frequentar a igreja tomara conhecimento e travara estreita

amizade com um pequeno sacristão5 que, digamos de

passagem, era tão boa peça como ele; apenas se encontravam

limitavam-se a trocar olhares significativos enquanto o amigo

andava ocupado no serviço da igreja; assim, porém, que se

acabavam as missas, e que saíam as verdadeiras beatas6,

reuniam-se os dois, e começavam a contar suas diabruras mais

recentes, travando o plano de mil outras novas. Por

complacência, ou antes por prova de decidida amizade, o

companheiro confiava ao nosso gazeador um caniço7,

e faziam juntos o serviço e as maroteiras8:

a mais pequena que faziam era irem de altar em altar escorropichando9

 todas as galhetas10, o que lhes incendeia mais o desejo de traquinar11.

Esta vida durou por muito tempo; porém afinal já eram as gazetas12 tão

repetidas, que o padrinho se viu forçado a acompanhá-lo outra vez todos os dias para a

escola, o que desfez todos os planos que os dois tinham concertado. O nosso futuro

clérigo tinha muitas vezes pensado em como não lhe seria agradável ver-se revestido

como o seu companheiro de uma batina e uma sobrepeliz13, e feito também sacristão,

ter a toda hora à sua disposição quantos caniços quisesse, ter por sua e de seu amigo

toda a igreja, poder nos dias de festa, tomando o turíbulo14, afogar em ondas de fumaça

a cara da velha que mais perto lhe ficasse na ocasião da missa. Oh! Isto era um sonho

de venturas! Vendo-se privado, depois que o padrinho o acompanhava, de gozar parte destes prazeres, como fazia nos

dias de fugida, atearam15 -se-lhe os desejos, e começou a

confessá-los ao padrinho, dando a entender que nada havia de que agora gostasse tanto

como fosse a igreja, para a qual, dizia ele, parecia ter nascido. Isto foi para o padrinho

um alegrão, porque neste gosto recente do pequeno via furo aos seus projetos.

— Eu bem dizia... pensava consigo; não tem dúvida, vou adiante; o rapaz está-me

enchendo as medidas.

Afinal o menino tomou um dia uma resolução última, e propôs ao padrinho

que o fizesse sacristão.

— Isso seria muito bom, disse ele, a fim de acostumar-me para quando for padre.

A princípio a ideia deslumbrou o padrinho, porém mais tarde acudiu-lhe a

reflexão, e assentou que seria rebaixar o menino e comprometer a sua dignidade futura.

Afinal, porém, tantas foram as rogativas16 e argumentos do pequeno, que se viu

obrigado a ceder. O menino tinha nisso duas enormes vantagens, satisfazia seus desejos

e saía da escola, poupando assim as remessas diárias de bolos.

 — Está bem, dissera consigo o padrinho, ele já sabe ler alguma coisa e escrever: deixo-

o, para fazer-lhe a vontade, algum tempo na Sé, para que também tome mais amor

 àquela vida, e depois, apenas o vir com o juízo mais assente17, hei de ir adiante com a

coisa. Foi em consequência procurar aquele sacristão da Sé que dançara o minuete18 na

festa do batizado, que era nada menos do que o pai do sacristãozinho com que o nosso

pequeno travara amizade, para arranjar o afilhado, que não queria outra igreja que não

fosse a Sé. Felizmente pôde ele ser admitido; com a prática que tivera dos dias de gazeta

aprendera pouco mais ou menos todo o cerimonial que é mister19 a um sacristão: ajudar

a missa já ele sabia, às outras coisas aperfeiçoou-se em pouco tempo.

Em poucos dias aprontou-se, e em uma bela manhã saiu de casa vestido com a

competente batina e sobrepeliz, e foi tomar posse do emprego. Ao vê-lo passar a vizinha

dos maus agouros20 soltou uma exclamação de surpresa a princípio, supondo alguma

asneira do compadre; porém reparando, compreendeu o que era, e desatou uma

gargalhada.

— E que tal?!... Deus vos guarde, Sr. cura, disse fazendo um cumprimento.

O menino lançou-lhe um olhar de revés, e respondeu entre dentes:

— Eu sou cura, e hei de te curar...

Era aquilo uma promessa de vingança.

— Ora dá-se? continuou a vizinha consigo mesma; aquilo na

igreja é um pecado!!

Chegou o menino à Sé impando de contente; parecia-lhe

a batina um manto real. Por fortuna houve logo nesse dia dois

batizados e um casamento, e ele teve assim ocasião de entrar no

pleno exercício de suas funções, em que começou revestindo-se

da maior gravidade deste mundo. No outro dia, porém, o negócio começou a mudar

de figura, e as brejeiradas começaram.

A primeira foi em uma missa cantada. Coube ao pequeno o ficar com uma tocha,

e ao companheiro o turíbulo ao pé do altar.

Por infelicidade a vizinha do compadre, a quem o menino prometera curar, sem

pensar no que fazia colocou-se perto do altar junto aos dois. Assim que a avistou, o

novo sacristão disse algumas palavras a seu companheiro,

dando-lhe de olho para a mulher. Daí a pouco colocaram-se os

dois disfarçadamente em distância conveniente, e de maneira

tal, que ela ficasse pouco mais ou menos com um deles atrás e

outro adiante. Começaram então os dois uma obra meritória:

enquanto um, tendo enchido o turíbulo de incenso, e

balançando-o convenientemente,

fazia com que os rolos de fumaça que se desprendiam fossem bater de cheio na cara da pobre mulher, o outro com a

Tocha despejava-lhe sobre as costas da mantilha a cada passo plastradas de cera derretida,

olhando disfarçado para o altar. A pobre mulher exasperou-se, e disse-lhes não sabemos

o quê.

— Estamos te curando, respondeu o menino tranquilamente.

Vendo que não tirava partido, quis a devota mudar de lugar e sair, porém, o

aperto era tão grande que o não pôde fazer, e teve de aturar o suplício até o fim. Acabada

a festa, dirigiu-se ao mestre-de-cerimônias, e fez uma enorme queixa, que custou aos

dois uma tremenda sarabanda. Pouco, porém, se importaram com isso, uma vez que

tinham realizado o seu plano. (...)

 

ALMEIDA Manuel Antonio de, Memórias de um Sargento de Milícias. Mudança de Vida, p. 31-34. Disponível

em:<http://www.dominiopublico.gov.br/download/texto/ua000235.pdf>. Acesso em: 14 out. 2019.

 

  1. Milícia: Vida ou carreira militar.
  2. Sacristão: Servir de ajudante à missa.
  3. Beata: moralista, puritana.
  4. Caniço: cana fina e comprida para pescar.
  5. Maroto: malandro.
  6. Escorropichando: Beber até à última gota.
  7. Galhetas: Pequeno vaso que contém o vinho ou a água, para o serviço da missa.
  8. Traquinar: fazer travessuras.
  9. Gazetas: Faltar às aulas ou às suas obrigações para se divertir
  10. Sobrepeliz: Vestidura branca com ou sem mangas que os padres vestem sobre a batina.

14 Turíbulo: Vaso onde se queima o incenso, incensário.

  1. Atearam (verbo atear): Lançar fogo a inflamar, excitar, fomentar.

16 Rogativa: Súplica, pedido, prece.

17 Assente (assentar-se): Sentar-se, apoiar-se, firmar-se.

18 Minuete: Antiga dança de passo simples e vagaroso.

19 Mister: Cargo ou atividade profissional, artista, arte, atividade profissional.

20 Agouro: Mau presságio.

 

http://www.dominiopublico.gov.br/download/texto/ua000235.pdf

 

Conversando sobre o texto.

  1. De acordo com o texto, o que levou o menino a se manter na igreja?

 

  1. Quais foram reais motivos que o levaram a ser sacristão?

 

  1. Que argumentos ele usou para convencer o padrinho a esse respeito?

 

  1. Assim como em O Noviço, de Martins Pena, também escrito no século XIX, a

obra Memórias de um sargento de milícias, aborda questões ligadas à ausência de

valores morais. Selecione um trecho do texto que represente uma situação amoral

e comente sobre ela.

 

ATIVIDADE 5

ANÁLISE LINGUSÍTICA- PERÍODOS E CONECTIVOS

  1. Ao falar sobre as estripulias da personagem e sobre como o padrinho é enganado

pelo afilhado, o autor emprega vários períodos compostos.

Releia o primeiro parágrafo e identifique alguns exemplos. Para isso, relembre:

 

Período simples: formado a partir de um único verbo, ou seja, construído por uma oração

absoluta.

Período composto: possui mais de uma oração, portanto construído por mais de um verbo.

Devido ao modo como as orações articulam-se nesse tipo de período, elas podem ser chamadas

de orações coordenadas e orações subordinadas.

 

  1. É possível inferir que um motivo para esse emprego se deve ao fato de o autor

querer dar detalhes sobre as ações das personagens, a fim de mostrar bem o caráter do

afilhado e o seu comportamento. Volte ao texto e comente sobre essa hipótese.

 

  1. Releia o trecho extraído do texto. Quantas orações há? Separe-as, destacando o

elemento que as une.

  1. a) À custa de muitos trabalhos, de muitas fadigas, e sobretudo de muita paciência,

conseguiu o compadre que o menino frequentasse a escola durante dois anos e que

aprendesse a ler muito mal e escrever ainda pior.

 

  1. Além do conectivo “que” unindo as orações, aparece também outro elemento

de ligação. Qual é ele e que efeito de sentido seu emprego atribui ao período?

 

  1. Veja, agora, outros períodos compostos e diga qual o tipo de relação os

conectivos em destaque estabelecem entre as orações. Confira as possibilidades

de relações que podem ser estabelecidas:

 

adição, alternância, causa, consequência, explicação, oposição, tempo, modo,

lugar, finalidade, conclusão.

 

  1. a) Esta vida durou por muito tempo; porém afinal já eram as gazetas tão

repetidas, que o padrinho se viu forçado a acompanhá-lo outra vez todos

os dias para a escola, o que desfez todos os planos que os dois tinham

concertado.

 

  1. b) Afinal o menino tomou um dia uma resolução última, e propôs ao

padrinho que o fizesse sacristão.

 

  1. c) Assim que a avistou, o novo sacristão disse algumas palavras a seu

companheiro, dando-lhe de olho para a mulher.

 

  1. d) [...] ele já sabe ler alguma coisa e escrever: deixo-o, para fazer-lhe a vontade,

algum tempo na Sé, para que também tome mais amor àquela vida, e

depois, apenas o vir com o juízo mais assente, hei de ir adiante com a coisa.

 

  1. e) Vendo que não tirava partido, quis a devota mudar de lugar e sair, porém,

o aperto era tão grande que o não pôde fazer, e teve de aturar o suplício até

o fim.

 

  1. f) Isso seria muito bom, disse ele, a fim de acostumar-me para quando for

Padre.

 

  1. Veja o período abaixo.

Acabada a festa, dirigiu-se ao mestre-de-cerimônias, e fez uma enorme queixa,

que custou aos dois uma tremenda sarabanda.

  1. a) Separe-o em orações e circule os conectivos.

 

  1. b) Escreva-as abaixo, de acordo com o que se pede:
  • Oração que indica ideia de tempo. Reescreva-a, mantendo a mesma
  • relação de temporalidade.

 

  • Oração que indica ideia de adição.

 

  • Oração que explica um termo anterior.
  • Atividades referente ao mês de maio.

 

POSTADO EM 11/05/2020