Bem-vindos!!!!
Nesta página o professora Sônia de Eletivas, Projeto de Vida e Português orientará seus alunos.
Bons estudos.
ELETIVAS – PROFESSORA SÔNIA – 6º A - 8º A – 2B
Projeto: Desfrute da Cultura de outros Países.
Atividade proposta: Elaboração de um diário de bordo anotando cada semana do mês de maio; as pesquisas referente ao país escolhido por cada aluno.
Deverão pesquisar sobre;. A cultura e tradições do país: dança, gastronomia ,vestimentas ,música etc;. A bandeira do país: origem ,cores, significado, história etc;. Confeccionar a bandeira (colorindo, decorando).
Avaliação/Sistematização: •Participação nas aulas do CMSP.
- confecção do diário de bordo contendo as pesquisas sobre o país escolhido, e quando as aulas presenciais forem retomadas os alunos entregaram a professora. *As atividades de pesquisa correspondem as aulas do mês de maio
POSTADO EM 11/05/2020
PROJETO DE VIDA – PROFESSORA SÔNIA – 2C
Apostila SP Faz Escola-Caderno do Aluno.
2º Ensino Médio- 1° Bimestre
Situação de Aprendizagem
O Projeto de Vida de Cada Um .
Os alunos deverão fazer as atividades das páginas: 133 a 145.Fazer no caderno do aluno ou no caderno.
Avaliação/Sistematização:
- Participação nas aulas do CMSP.
- As atividades serão avaliadas quando forem retomadas as aulas presenciais.
*As atividades no caderno do aluno correspondem as aulas do mês de maio.
POSTADO EM 11/05/2020
PROJETO DE VIDA – PROFESSORA SÔNIA – 3A
Apostila SP Faz Escola-Caderno do Aluno.
3° Ensino Médio- 1° Bimestre
Situação de Aprendizagem
Seja Bem-Vindo: Você Chegou Até Aqui!
Os alunos deverão fazer as atividades das páginas: 134 a 150. Fazer no caderno do aluno ou no caderno.
Avaliação/Sistematização:
- Participação nas aulas do CMSP.
- As atividades serão avaliadas quando forem retomadas as aulas presenciais.
*As atividades correspondem as aulas referente ao mês de maio
POSTADO EM 11/05/2020
PORTUGUÊS – PROFESSORA SONIA – 2C
A 2a série desenvolverá atividades com foco em:
- diferentes gêneros textuais;
- estratégias de leitura para análise dos sentidos do texto, a partir de marcas
textuais;
- crítica a valores sociais;
- procedimentos de convencimento;
- elaboração de projeto para produção de texto (questão polêmica e tese).
DISCUSSÃO ORAL
O trecho do texto que você vai ler foi extraído da obra O Noviço, escrito no século
XIX, por Martins Pena. Trata-se de um texto dramático (comédia de costumes).
- Você sabe o que é um noviço?
- O que você espera encontrar em um texto com esse título?
- Você já leu o texto de uma peça teatral? Como ele se caracteriza?
- Considerando que se trata de uma comédia de costumes, que tema pode ser
abordado nesse texto?
- Você conhece algo a respeito do autor? Caso não conheça, leia as informações
abaixo do texto.
Agora, leia o texto em voz alta, conforme orientação do professor.
TEXTO 1: O NOVIÇO
Martins Pena
CENA I
AMBRÓSIO, só, de calça preta e chambre — No mundo a fortuna é para quem
sabe adquiri-la. Pintam-na cega... Que simplicidade! Cego é aquele que não tem
inteligência para vê-la e a alcançar. Todo o homem pode ser rico, se atinar com o
verdadeiro caminho da fortuna. Vontade forte, perseverança e pertinácia são poderosos
auxiliares. Qual o homem que, resolvido a empregar todos os meios, não consegue
enriquecer-se? Em mim se vê o exemplo. Há oito anos, era eu pobre e miserável, e hoje
sou rico, e mais ainda serei. O como não importa; no bom resultado está o mérito...
Mas um dia pode tudo mudar. Oh, que temo eu? Se em algum tempo tiver de responder
pelos meus atos, o ouro justificar-me-á e serei limpo de culpa. As leis criminais fizeram-
se para os pobres...
CENA II
Entra Florência, vestida de preto, como quem vai à festa.
FLORÊNCIA, entrando — Ainda despido, Sr. Ambrósio?
AMBRÓSIO — É cedo. (Vendo o relógio:) São nove horas, e o ofício de Ramos
principia às dez e meia.
FLORÊNCIA — É preciso ir mais cedo para tomarmos lugar.
AMBRÓSIO — Para tudo há tempo. Ora dize-me, minha bela Florência...
FLORÊNCIA — O que, meu Ambrosinho?
AMBRÓSIO — O que pensa tua filha do nosso projeto?
FLORÊNCIA — O que pensa não sei eu, nem disso se me dá; quero eu — e
basta. E é seu dever obedecer.
AMBRÓSIO — Assim é; estimo que tenhas caráter enérgico.
FLORÊNCIA — Energia tenho eu.
AMBRÓSIO — E atrativos, feiticeira...
FLORÊNCIA — Ai, amorzinho! (À parte:) Que marido!
AMBRÓSIO — Escuta-me, Florência, e dá-me atenção. Crê que ponho todo o
meu pensamento em fazer-te feliz...
FLORÊNCIA — Toda eu sou atenção.
AMBRÓSIO — Dois filhos te ficaram do teu primeiro matrimônio. Teu
marido foi um digno homem e de muito juízo; deixou-te herdeira de
avultado cabedal. Grande mérito é esse...
FLORÊNCIA — Pobre homem!
AMBRÓSIO — Quando eu te vi pela primeira vez, não sabia que eras viúva rica.
(À parte:) Se o sabia! (Alto:) Amei-te por simpatia.
FLORÊNCIA — Sei disso, vidinha.
AMBRÓSIO — E não foi o interesse que obrigou-me a casar contigo.
FLORÊNCIA — Foi o amor que nos uniu.
AMBRÓSIO — Foi, foi, mas agora que me acho casado contigo, é de meu dever
zelar essa fortuna que sempre desprezei.
FLORÊNCIA - (À parte) — Que marido!
AMBRÓSIO - (À parte) — Que tola! (Alto:) Até o presente tens gozado dessa
fortuna em plena liberdade e a teu bel-prazer; mas daqui em diante, talvez assim
não seja.
FLORÊNCIA — E por quê?
AMBRÓSIO — Tua filha está moça e em estado de casar-se. Casar-se-á, e terás
um genro que exigirá a legítima de sua mulher, e desse dia principiarão as
amofinações para ti, e intermináveis demandas. Bem sabes que ainda não fizestes
inventário.
FLORÊNCIA — Não tenho tido tempo, e custa-me tanto aturar procuradores!
AMBRÓSIO — Teu filho também vai a crescer todos os dias e será preciso por
fim dar-lhe a sua legítima... Novas demandas.
FLORÊNCIA — Não, não quero demandas.
AMBRÓSIO — É o que eu também digo; mas como preveni-las?
FLORÊNCIA — Faze o que entenderes, meu amorzinho.
AMBRÓSIO — Eu já te disse há mais de três meses o que era preciso fazermos
para atalhar esse mal. Amas a tua filha, o que é muito natural, mas amas ainda
mais a ti mesma...
FLORÊNCIA — O que também é muito natural...
AMBRÓSIO — Que dúvida! E eu julgo que podes conciliar esses dois pontos,
fazendo Emília professar em um convento. Sim, que seja freira. Não terás nesse
caso de dar legítima alguma, apenas um insignificante dote — e farás ação
meritória.
FLORÊNCIA — Coitadinha! Sempre tenho pena dela; o convento é tão triste!
AMBRÓSIO — É essa compaixão mal-entendida! O que é este mundo? Um
pélago de enganos e traições, um escolho em que naufragam a felicidade e as
doces ilusões da vida. E o que é o convento? Porto de salvação e ventura, asilo
da virtude, único abrigo da inocência e verdadeira felicidade... E deve uma mãe
carinhosa hesitar na escolha entre o mundo e o convento?
FLORÊNCIA — Não, por certo...
AMBRÓSIO — A mocidade é inexperiente, não sabe o que lhe convém. Tua
filha lamentar-se-á, chorará desesperada, não importa; obriga-a e dai tempo ao
tempo. Depois que estiver no convento e acalmar-se esse primeiro fogo,
abençoará o teu nome e, junto ao altar, no êxtase de sua tranquilidade e
verdadeira felicidade, rogará a Deus por ti. (À parte:) E a legítima ficará em
casa...
FLORÊNCIA — Tens razão, meu Ambrosinho, ela será freira.
AMBRÓSIO — A respeito de teu filho direi o mesmo. Tem ele nove anos e será
prudente criarmo-lo desde já para frade.
FLORÊNCIA — Já ontem comprei-lhe o hábito com que andará vestido daqui
em diante.
AMBRÓSIO — Assim não estranhará quando chegar à idade de entrar no
convento; será frade feliz.
(À parte:) E a legítima também ficará em casa...
FLORĘNCIA — Que sacrifícios não farei eu para ventura de meus filhos! [...]
PENA, Martins. O Noviço. Disponível
em:<http://www.dominiopublico.gov.br/download/texto/bn000032.pdf>. Acesso em: 01 nov. 2019.
Sobre o autor
Martins Pena foi um teatrólogo do Romantismo brasileiro, que
satirizou a sociedade da época, seus costumes e suas relações sociais,
através do gênero comédia de costumes, do qual foi pioneiro e
principal representante. O gênero aborda, de maneira cômica e
sarcástica, o comportamento humano e seus tipos característicos,
demonstrando com frequência as atitudes inadequadas quanto às
normas de conduta da sociedade, amores ilícitos e atitudes amorais.
A linguagem é, geralmente, simples, aproximando-se do cotidiano,
com diálogos dinâmicos, cheios de ironia e humor.
Responda em seu caderno as questões a seguir:
1) O texto foi publicado no século XIX, no qual havia o uso de palavras que
não são mais comuns na sociedade contemporânea. Quais marcas textuais
nos remetem aos termos e/ou à linguagem característica daquela época?
2) O texto dramático difere dos demais textos em prosa, pois possui
características próprias. Identifique no trecho estudado, os elementos que
o definem como texto dramático.
3) Considerando a organização do texto teatral, releia a cena I e comente sua
finalidade e importância para o entendimento da seguinte.
4) Na cena I, há indícios que antecipam o caráter de Ambrósio, quanto à
ganância pelo dinheiro. Em qual frase é evidenciado seu caráter,
considerando os valores éticos e morais da sociedade?
(A) Cego é aquele que não tem inteligência para vê-la e a alcançar.
(B) Todo o homem pode ser rico, se atinar com o verdadeiro caminho
da fortuna.
(C) Há oito anos, era eu pobre e miserável, e hoje sou rico, e mais ainda
serei.
(D) O como não importa; no bom resultado está o mérito...
(E) Mas um dia pode tudo mudar. Oh, que temo eu?
5) Na cena I, destaca-se a ideia de impunidade que se mantém até os dias
atuais, quando o cidadão não corresponde aos valores sociais e éticos
esperados.
- a) Localize frases que demonstram essa ideia.
6) Nas cenas I e II da obra O Noviço, percebe-se a ausência de valores sociais,
éticos e morais. Identifique quais são esses valores e, a partir deles, que
críticas são demonstradas.
7) Identifique no texto da cena II, passagens que evidenciem o processo de convencimento e manipulação exercido sobre a personagem Florência.
APROFUNDANDO SEUS CONHECIMENTOS
Sistematização – pesquisa
Com a orientação do professor, realize, em grupo uma pesquisa sobre Martins
Pena e o contexto histórico-social em que a obra está inserida: como eram os
costumes, o que estava acontecendo na sociedade da época, a importância e
influência de tais acontecimentos na produção literária.
Selecione e registre a seguir as informações mais relevantes, as quais poderão ser
apresentadas em um Seminário 3.
ATIVIDADE 2
PRODUÇÃO TEXTUAL
Relembrando:
Tese – É o ponto de vista, a opinião, o posicionamento crítico que o autor deve
sustentar na elaboração de seu texto.
Recordando
Neste momento, iniciaremos o estudo do gênero artigo de opinião. Para
produção de textos deste gênero, é preciso partir de uma questão polêmica,
originária de um determinado tema ou fato, que favoreça a tomada de posição
do autor e revele sua postura a favor ou contra o assunto discutido. Ela é o
ponto de partida para a escrita do artigo de opinião que, geralmente, surge de
um assunto de relevância social. Outro elemento importante para a constituição
de um artigo de opinião é a tese. Ela expressa a opinião do autor e, em alguns
casos, já aparece na introdução, com o objetivo de explicitar, logo no início, seu
Posicionamento.
PLANEJANDO O TEXTO
Diariamente, são veiculadas notícias, em diferentes suportes, que relatam fatos
envolvendo pessoas, das mais variadas esferas, com atitudes consideradas
amorais pela sociedade. O texto O Noviço, de Martins Pena, produzido no
século XIX, aborda vários temas polêmicos presentes em nossa sociedade atual,
os quais favorecem discussões. Assim, retome o trecho estudado para ajudá-lo
na produção inicial de seu texto. Imagine que você escreve para um blog cujo
foco é apresentar textos noticiosos e de opinião para que os usuários deixem
seus comentários. Você deverá redigir uma tese que será selecionada para
compor um futuro artigo de opinião que circulará nesse blog.
Considere as etapas abaixo:
Etapa 1 – Identifique, coletivamente, nas cenas I e II de O Noviço, temas
relevantes que possam provocar boas discussões para a elaboração de questões
polêmicas.
Etapa 2 – A partir dos temas elencados acima, escolham um deles e elaborem
uma questão polêmica.
Etapa 3 – Certifique-se de que a questão polêmica que vocês elaboraram permite
assumir posição favorável ou contrária frente ao tema e, a partir dela, desenvolva
individualmente uma tese.
ATIVIDADE 3
Se considerarmos a infinidade de objetivos que levam as pessoas a se
comunicarem, vamos perceber que uma variedade de gêneros textuais tem
finalidades diferentes. Assim, como foi visto, no século XIX, por meio da comédia
de costumes, o escritor encontrou uma forma de fazer críticas à sociedade,
escancarando comportamentos com desvios morais, em nome da ambição.
Atualmente, muitos gêneros textuais circulam socialmente, cumprindo essa tarefa
de fazer críticas, mostrar humor e a ironia, satirizar, expondo ao ridículo valores,
ideias e acontecimentos como charge, quadrinhos, memes e até mesmo o anúncio
Publicitário.
RODA DE CONVERSA
É importante observar os pontos de vista a respeito do que o anúncio publicitário vai
propor. O que você conhece sobre anúncios publicitários que utilizam a criatividade
para cativar seu público-alvo? A criatividade é essencial para a produção de textos na
esfera publicitária, com a finalidade de persuadir e/ou convencer o leitor buscando a
adesão a uma ideia ou a compra de um determinado produto.
Vocês conhecem anúncios publicitários? Onde costumam ser publicados?
Qual sua finalidade?
De quais recursos os publicitários costumam lançar mão para produzir uma
campanha?
Há anúncios que não objetivam a divulgação de um produto ou marca. Quais
outras finalidades tem o texto publicitário?
O anúncio publicitário é um gênero textual cuja
finalidade é promover um produto ou uma ideia; é
veiculado por diferentes meios de comunicação – a
mídia impressa, jornalística, radiofônica e virtual.
Uma das características desse gênero é o
é convencimento do consumidor para a compra de
determinados produtos, serviços ou ideias. Assim, são
utilizadas variadas ferramentas discursivas – recursos
expressivos - como o uso de imagens, de linguagem
simples, de humor e ironia, verbos no imperativo, os
quais funcionam como aspectos persuasivos.
Disponível em: <https://pixabay.com/pt/images/search/propaganda/>. Acesso em: 15 jan.
Você deve ter observado que alguns anúncios publicitários utilizam a
criatividade com escolhas lexicais, textos verbais e não verbais visando a disseminação
de ideias com o objetivo de influenciar a opinião pública, motivando mudança de
comportamento, como no texto apresentado a seguir.
Imagem:
Os carregadores de celulares funcionam como algemas nos pulsos das pessoas que estão com os celulares nas mãos.
- a) Observe atentamente o texto não verbal. O que você vê nessa imagem?
- b) Qual o efeito de sentido expresso pelos pulsos atados ao celular?
- c) O verbo deletar é amplamente utilizado na esfera virtual. No anúncio
publicitário, ele foi empregado com o mesmo sentido?
- d) Qual ideia deveria ser deletada de acordo com o contexto do anúncio?
- e) A que se refere a frase “Busque outras conexões”?
- f) Qual o efeito de sentido do emprego do emoji em substituição à vogal “o”?
- g) Você pensa que o uso exagerado dos aparelhos tecnológicos influencia nas
relações interpessoais? Como deveriam ser usados?
- h) A dependência do uso do celular e outras tecnologias pode provocar uma doença
chamada Nomofobia. Você conhece essa síndrome? Sabe o que ela pode
provocar? Faça uma breve pesquisa a respeito.
Atividade 4
Sobre a obra
O romance urbano ou de costumes, “Memórias de um sargento de milícias”4,
de Manuel Antônio de Almeida, foi escrito durante a primeira geração romântica
brasileira, porém, não possui as características dessa época, na qual
predominavam romances sob a ótica nacionalista, retratando heróis belos,
corajosos, cheios de princípios. Inicialmente, a obra foi publicada em forma de
folhetins semanais, no Correio Mercantil do Rio de Janeiro, e trouxe, pela primeira
vez, a representação do malandro na literatura nacional. Esse romance apresenta
personagens típicas da sociedade carioca do século XIX, revela a pobreza e a
corrupção, faz uso de linguagem coloquial, traz a presença de anti-herói, com
muitas cenas de humor e ausência de valores morais e sociais.
DISCUSSÃO ORAL
O trecho que você vai ler a seguir foi retirado da obra Memórias de um sargento de
milícias, de Manuel Antônio de Almeida.
- Você sabe o significado da palavra “milícia”? Caso não conheça, levante
hipóteses a partir do próprio título.
- Você conhece algum romance urbano ou de costumes? Sobre o que eles
costumam tratar?
- Considerando as informações apresentadas no box acima, o que espera encontrar
neste trecho da obra?
Agora, faça uma leitura silenciosa, grifando as palavras que lhe são
desconhecidas. Tente inferir seus significados pelo contexto, porém, caso
não consiga, recorra ao dicionário para apreender suas definições e
selecione a acepção que seja mais adequada.
CAPÍTULO XIII - MUDANÇA DE VIDA
(...)
Pelo hábito de frequentar a igreja tomara conhecimento e travara estreita
amizade com um pequeno sacristão5 que, digamos de
passagem, era tão boa peça como ele; apenas se encontravam
limitavam-se a trocar olhares significativos enquanto o amigo
andava ocupado no serviço da igreja; assim, porém, que se
acabavam as missas, e que saíam as verdadeiras beatas6,
reuniam-se os dois, e começavam a contar suas diabruras mais
recentes, travando o plano de mil outras novas. Por
complacência, ou antes por prova de decidida amizade, o
companheiro confiava ao nosso gazeador um caniço7,
e faziam juntos o serviço e as maroteiras8:
a mais pequena que faziam era irem de altar em altar escorropichando9
todas as galhetas10, o que lhes incendeia mais o desejo de traquinar11.
Esta vida durou por muito tempo; porém afinal já eram as gazetas12 tão
repetidas, que o padrinho se viu forçado a acompanhá-lo outra vez todos os dias para a
escola, o que desfez todos os planos que os dois tinham concertado. O nosso futuro
clérigo tinha muitas vezes pensado em como não lhe seria agradável ver-se revestido
como o seu companheiro de uma batina e uma sobrepeliz13, e feito também sacristão,
ter a toda hora à sua disposição quantos caniços quisesse, ter por sua e de seu amigo
toda a igreja, poder nos dias de festa, tomando o turíbulo14, afogar em ondas de fumaça
a cara da velha que mais perto lhe ficasse na ocasião da missa. Oh! Isto era um sonho
de venturas! Vendo-se privado, depois que o padrinho o acompanhava, de gozar parte destes prazeres, como fazia nos
dias de fugida, atearam15 -se-lhe os desejos, e começou a
confessá-los ao padrinho, dando a entender que nada havia de que agora gostasse tanto
como fosse a igreja, para a qual, dizia ele, parecia ter nascido. Isto foi para o padrinho
um alegrão, porque neste gosto recente do pequeno via furo aos seus projetos.
— Eu bem dizia... pensava consigo; não tem dúvida, vou adiante; o rapaz está-me
enchendo as medidas.
Afinal o menino tomou um dia uma resolução última, e propôs ao padrinho
que o fizesse sacristão.
— Isso seria muito bom, disse ele, a fim de acostumar-me para quando for padre.
A princípio a ideia deslumbrou o padrinho, porém mais tarde acudiu-lhe a
reflexão, e assentou que seria rebaixar o menino e comprometer a sua dignidade futura.
Afinal, porém, tantas foram as rogativas16 e argumentos do pequeno, que se viu
obrigado a ceder. O menino tinha nisso duas enormes vantagens, satisfazia seus desejos
e saía da escola, poupando assim as remessas diárias de bolos.
— Está bem, dissera consigo o padrinho, ele já sabe ler alguma coisa e escrever: deixo-
o, para fazer-lhe a vontade, algum tempo na Sé, para que também tome mais amor
àquela vida, e depois, apenas o vir com o juízo mais assente17, hei de ir adiante com a
coisa. Foi em consequência procurar aquele sacristão da Sé que dançara o minuete18 na
festa do batizado, que era nada menos do que o pai do sacristãozinho com que o nosso
pequeno travara amizade, para arranjar o afilhado, que não queria outra igreja que não
fosse a Sé. Felizmente pôde ele ser admitido; com a prática que tivera dos dias de gazeta
aprendera pouco mais ou menos todo o cerimonial que é mister19 a um sacristão: ajudar
a missa já ele sabia, às outras coisas aperfeiçoou-se em pouco tempo.
Em poucos dias aprontou-se, e em uma bela manhã saiu de casa vestido com a
competente batina e sobrepeliz, e foi tomar posse do emprego. Ao vê-lo passar a vizinha
dos maus agouros20 soltou uma exclamação de surpresa a princípio, supondo alguma
asneira do compadre; porém reparando, compreendeu o que era, e desatou uma
gargalhada.
— E que tal?!... Deus vos guarde, Sr. cura, disse fazendo um cumprimento.
O menino lançou-lhe um olhar de revés, e respondeu entre dentes:
— Eu sou cura, e hei de te curar...
Era aquilo uma promessa de vingança.
— Ora dá-se? continuou a vizinha consigo mesma; aquilo na
igreja é um pecado!!
Chegou o menino à Sé impando de contente; parecia-lhe
a batina um manto real. Por fortuna houve logo nesse dia dois
batizados e um casamento, e ele teve assim ocasião de entrar no
pleno exercício de suas funções, em que começou revestindo-se
da maior gravidade deste mundo. No outro dia, porém, o negócio começou a mudar
de figura, e as brejeiradas começaram.
A primeira foi em uma missa cantada. Coube ao pequeno o ficar com uma tocha,
e ao companheiro o turíbulo ao pé do altar.
Por infelicidade a vizinha do compadre, a quem o menino prometera curar, sem
pensar no que fazia colocou-se perto do altar junto aos dois. Assim que a avistou, o
novo sacristão disse algumas palavras a seu companheiro,
dando-lhe de olho para a mulher. Daí a pouco colocaram-se os
dois disfarçadamente em distância conveniente, e de maneira
tal, que ela ficasse pouco mais ou menos com um deles atrás e
outro adiante. Começaram então os dois uma obra meritória:
enquanto um, tendo enchido o turíbulo de incenso, e
balançando-o convenientemente,
fazia com que os rolos de fumaça que se desprendiam fossem bater de cheio na cara da pobre mulher, o outro com a
Tocha despejava-lhe sobre as costas da mantilha a cada passo plastradas de cera derretida,
olhando disfarçado para o altar. A pobre mulher exasperou-se, e disse-lhes não sabemos
o quê.
— Estamos te curando, respondeu o menino tranquilamente.
Vendo que não tirava partido, quis a devota mudar de lugar e sair, porém, o
aperto era tão grande que o não pôde fazer, e teve de aturar o suplício até o fim. Acabada
a festa, dirigiu-se ao mestre-de-cerimônias, e fez uma enorme queixa, que custou aos
dois uma tremenda sarabanda. Pouco, porém, se importaram com isso, uma vez que
tinham realizado o seu plano. (...)
ALMEIDA Manuel Antonio de, Memórias de um Sargento de Milícias. Mudança de Vida, p. 31-34. Disponível
em:<http://www.dominiopublico.gov.br/download/texto/ua000235.pdf>. Acesso em: 14 out. 2019.
- Milícia: Vida ou carreira militar.
- Sacristão: Servir de ajudante à missa.
- Beata: moralista, puritana.
- Caniço: cana fina e comprida para pescar.
- Maroto: malandro.
- Escorropichando: Beber até à última gota.
- Galhetas: Pequeno vaso que contém o vinho ou a água, para o serviço da missa.
- Traquinar: fazer travessuras.
- Gazetas: Faltar às aulas ou às suas obrigações para se divertir
- Sobrepeliz: Vestidura branca com ou sem mangas que os padres vestem sobre a batina.
14 Turíbulo: Vaso onde se queima o incenso, incensário.
- Atearam (verbo atear): Lançar fogo a inflamar, excitar, fomentar.
16 Rogativa: Súplica, pedido, prece.
17 Assente (assentar-se): Sentar-se, apoiar-se, firmar-se.
18 Minuete: Antiga dança de passo simples e vagaroso.
19 Mister: Cargo ou atividade profissional, artista, arte, atividade profissional.
20 Agouro: Mau presságio.
http://www.dominiopublico.gov.br/download/texto/ua000235.pdf
Conversando sobre o texto.
- De acordo com o texto, o que levou o menino a se manter na igreja?
- Quais foram reais motivos que o levaram a ser sacristão?
- Que argumentos ele usou para convencer o padrinho a esse respeito?
- Assim como em O Noviço, de Martins Pena, também escrito no século XIX, a
obra Memórias de um sargento de milícias, aborda questões ligadas à ausência de
valores morais. Selecione um trecho do texto que represente uma situação amoral
e comente sobre ela.
ATIVIDADE 5
ANÁLISE LINGUSÍTICA- PERÍODOS E CONECTIVOS
- Ao falar sobre as estripulias da personagem e sobre como o padrinho é enganado
pelo afilhado, o autor emprega vários períodos compostos.
Releia o primeiro parágrafo e identifique alguns exemplos. Para isso, relembre:
Período simples: formado a partir de um único verbo, ou seja, construído por uma oração
absoluta.
Período composto: possui mais de uma oração, portanto construído por mais de um verbo.
Devido ao modo como as orações articulam-se nesse tipo de período, elas podem ser chamadas
de orações coordenadas e orações subordinadas.
- É possível inferir que um motivo para esse emprego se deve ao fato de o autor
querer dar detalhes sobre as ações das personagens, a fim de mostrar bem o caráter do
afilhado e o seu comportamento. Volte ao texto e comente sobre essa hipótese.
- Releia o trecho extraído do texto. Quantas orações há? Separe-as, destacando o
elemento que as une.
- a) À custa de muitos trabalhos, de muitas fadigas, e sobretudo de muita paciência,
conseguiu o compadre que o menino frequentasse a escola durante dois anos e que
aprendesse a ler muito mal e escrever ainda pior.
- Além do conectivo “que” unindo as orações, aparece também outro elemento
de ligação. Qual é ele e que efeito de sentido seu emprego atribui ao período?
- Veja, agora, outros períodos compostos e diga qual o tipo de relação os
conectivos em destaque estabelecem entre as orações. Confira as possibilidades
de relações que podem ser estabelecidas:
adição, alternância, causa, consequência, explicação, oposição, tempo, modo,
lugar, finalidade, conclusão.
- a) Esta vida durou por muito tempo; porém afinal já eram as gazetas tão
repetidas, que o padrinho se viu forçado a acompanhá-lo outra vez todos
os dias para a escola, o que desfez todos os planos que os dois tinham
concertado.
- b) Afinal o menino tomou um dia uma resolução última, e propôs ao
padrinho que o fizesse sacristão.
- c) Assim que a avistou, o novo sacristão disse algumas palavras a seu
companheiro, dando-lhe de olho para a mulher.
- d) [...] ele já sabe ler alguma coisa e escrever: deixo-o, para fazer-lhe a vontade,
algum tempo na Sé, para que também tome mais amor àquela vida, e
depois, apenas o vir com o juízo mais assente, hei de ir adiante com a coisa.
- e) Vendo que não tirava partido, quis a devota mudar de lugar e sair, porém,
o aperto era tão grande que o não pôde fazer, e teve de aturar o suplício até
o fim.
- f) Isso seria muito bom, disse ele, a fim de acostumar-me para quando for
Padre.
- Veja o período abaixo.
Acabada a festa, dirigiu-se ao mestre-de-cerimônias, e fez uma enorme queixa,
que custou aos dois uma tremenda sarabanda.
- a) Separe-o em orações e circule os conectivos.
- b) Escreva-as abaixo, de acordo com o que se pede:
- Oração que indica ideia de tempo. Reescreva-a, mantendo a mesma
- relação de temporalidade.
- Oração que indica ideia de adição.
- Oração que explica um termo anterior.
- Atividades referente ao mês de maio.
POSTADO EM 11/05/2020